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"Meu Filho é Minha Arma": O Crime Silencioso que a Mídia Não Mostra e a Justiça Luta para Ver

  • Foto do escritor: Ana  Olliveira
    Ana Olliveira
  • 17 de nov.
  • 3 min de leitura

O relacionamento acabou. O amor se foi, talvez o respeito também. Em um mundo ideal, cada um seguiria seu caminho, e a única coisa que ainda uniria o ex-casal seria o cuidado e o amor pelos filhos.

Mas este não é um mundo ideal.

Para muitos pais (e, sejamos francos, mães também, embora o debate seja complexo), o fim do relacionamento não é o fim da guerra. É apenas o começo. E nesse campo de batalha doentio, a arma mais covarde e cruel é escolhida: os próprios filhos.

Começa sutilmente. "Seu pai não te ama mais." "Ele preferiu a outra." "Não vou poder comprar seu presente porque seu pai não pagou a pensão" (mesmo que tenha pago).

Em pouco tempo, a criança, que deveria estar protegida, torna-se um soldado em uma guerra que não é dela. Ela é "programada" para odiar, temer e rejeitar a outra metade de sua origem.

O nome disso não é "mãe protetora" ou "raiva de ex-mulher". O nome disso é Alienação Parental. E sim, é crime.

Mas se é crime, por que tantos pais se sentem gritando no vácuo? Por que a sensação é de que a Justiça é cega e a mídia, cúmplice?


O Gigante Cego: A Justiça Luta para Ver o Óbvio


A Lei nº 12.318/2010 existe. Ela é clara. Ela define a alienação parental e prevê punições, que vão de multas até a inversão da guarda.

Então, por que ela "não funciona"?

A verdade é que a Justiça não "ignora" esses casos. Ela tem uma dificuldade atroz em comprová-los. A alienação parental é um veneno de ação lenta, administrado em doses diárias, longe dos olhos do público.

É um abuso psicológico que acontece na intimidade do lar, disfarçado de "cuidado" e "proteção".

Para um juiz, que vê a família por algumas horas, como diferenciar uma criança que foi genuinamente abusada pelo pai de uma criança que foi ensinada a dizer que foi abusada?

Enquanto o lento e burocrático sistema exige laudos, perícias e avaliações psicológicas, o dano se aprofunda. A Justiça é lenta; o veneno é rápido. Quando a sentença chega, muitas vezes o coração da criança já está permanentemente corrompido.


A Mídia Cúmplice: "Isso Não Vende"


E a mídia? Por que não vemos manchetes diárias sobre isso? "Não rende likes" ou "sair da zona de conforto do politicamente correto", não é lucrativo? A resposta é: Sim, para ambos.

1. O Muro do Segredo de Justiça: A primeira e principal razão é legal. Processos de Vara de Família correm em segredo de justiça para proteger a privacidade dos menores. A mídia é proibida de expor os detalhes que provariam a alienação. Isso cria um paradoxo: a lei que protege a criança também esconde o crime que a vitimiza.

2. A Narrativa Desconfortável: Vivemos em uma sociedade estruturada em narrativas fáceis. A narrativa "pai que não paga pensão e abandona" é simples, direta e gera comoção imediata.

A narrativa "mãe (ou pai) que usa o filho como vingança" é complexa, suja e desconfortável. Ela quebra o estereótipo da "mãe-coragem". A sociedade prefere não olhar para essa ferida, pois ela nos força a admitir que o mal pode vir de onde menos esperamos.

É mais fácil tachar o pai que denuncia de "misógino" ou "devedor de pensão" do que investigar a fundo a manipulação sutil que está destruindo uma criança por dentro.


A Vítima Esquecida


No meio dessa guerra de egos, onde um tenta "punir" o outro pelo fim de um relacionamento onde ambos, provavelmente, tiveram sua parcela de culpa, há uma vítima silenciosa.

A maior vítima não é o pai que é impedido de ver o filho. A maior vítima não é a mãe que se humilha em uma vingança sem fim.

A maior vítima é a criança.

Ela está sendo ensinada a odiar metade de quem ela é. Ela está sendo forçada a escolher entre seus dois pilares. Ela está sendo usada como um objeto, um escudo, uma arma. O resultado? Adultos futuros com severos problemas psicológicos, incapazes de confiar, de amar e de construir relações saudáveis.

Estamos criando órfãos de pais vivos.

O silêncio sobre a alienação parental não é apenas conivência; é cumplicidade. Não é uma "briga de casal", não é "coisa de ex".

É abuso. E está na hora de pararmos de desviar o olhar.

 
 
 

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Acredito que o Direito vai além das leis: é sobre pessoas, dignidade e justiça. Cada caso é uma história única, que merece atenção, empatia e técnica. No meu trabalho, busco unir firmeza e sensibilidade, transformando o conhecimento jurídico em resultados concretos e humanos.

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